Em uma conversa com minha amiga sobre o prazer de se gerar uma vida, veio a pergunta:
_ Como você se sente grávida?
Eu podia ter respondido tudo aquilo que ouvi a vida toda. Sei que ela esperava isso. Queria que eu filosofasse sobre as alegrias, os prazeres e os incômodos de uma grávidez. Mas eu só consegui responder:
_ Colorida!
Ela se espantou. Repetiu minha resposta com um ar de incredulidade e depois começou a falar tudo aquilo que esperava ouvir.
Meses depois, eu estava contando a ela dos primeiros movimentos da minha menina na barriga e ela novamente fez a pergunta:
_ E agora, como você se sente grávida?
_ Livre e colorida.
Não foi surpresa o ar de decepção pela resposta. Ela hesitou um pouco, mas em seguida disse:
_ Eu não te entendo.
Eu poderia ter explicado.Contado até, da sensação de ter as mãos livres para me colorir. Mas para isso teria que falar sobre minha desarmonia em combinar as cores desde a infância e da satisfação de ter acertado pela primeira vez.
Apenas esbocei um sorriso...
