sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Iguais















Sempre tive horror a pássaros. Era o bico que me incomodava. Aquela sensação de que eles sempre vinham com o único intuito de picar meus olhos, era pavorosa. Tinha pesadelos horríveis com bem-te-vis arrancando minhas córneas. As pessoas riam ao me ouvirem contar ou me afastar de qualquer um desses seres voadores. Alguns lindos, eu sei, mas pra mim só em fotos ou figuras ilustrativas.

Depois de algum tempo de terapia e das longas noites acordadas imaginando que um deles poderia entrar pela janela (fechada) do meu quarto, resolvi encará-los. Levantei bem cedinho, enquanto eles ainda cantavam no terreiro. Coloquei um pedaço de pão e esperei que viessem. Vieram em bando. Um querendo ser mais forte que o outro. Fiquei de longe observando. Depois fui pra perto e à medida que ia me aproximando eles é que iam saindo. Só um ficou. De penugem clara, pequeno, mas robusto. Eu olhei bem pra ele e disse:

─ Porque você ficou? Pra me enfrentar?

E ele de olhos fixos vôo pra mais perto e como se pedisse licença, pegou uma fagulha de pão perto do meu pé, foi até o muro e voltou. Pegou mais pão e fez isso algumas vezes, depois sumiu como se não se importasse com a minha presença.

Fui até o muro e vi dois pequeninos filhotes ali em um ninho...

Para nós dois, aquele era apenas mais um obstáculo vencido.

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